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Em 30 de agosto último, Tim Gallwey esteve em Belo Horizonte para fazer a palestra “The Inner Game: a essência da liderança e do aprendizado por experiência” e deu uma entrevista para o jornal Dasein.

Pinçando algumas colocações feitas por ele na entrevista, quero comentar já de início como é bom revisitar, com ele, os conceitos relativos ao Coaching, tão desgastados na atualidade, como a gente vem mostrando há muito tempo.

Logo de início ele já toca no cerne da questão: “O aprendizado, e não o Coaching, é a essência do Coaching. Não é o que o Coach fala que melhora a performance”.

Coaching tem tudo a ver com aprendizagem, num sentido que aos poucos vai tomando espaço na sociedade, sentido no qual o Arvoredo trabalha desde sua criação. Não há alguém que ensina e alguém que aprende e, sim, um caminhar daquele que investe em suas próprias descobertas, facilitado por aquele que o acompanha. Há uma aprendizagem mútua.

E, como já tivemos a oportunidade de dizer algumas vezes, é isso que é difícil na função de um Coach. Esta função provoca, em muitos que nela se colocam, um desejo incontrolável de poder sobre o outro que está ali diante deles. E, como estamos num momento da história mundial de elevação de abuso do poder, naturalmente o Coaching também sofre influências desta postura.

Entretanto, ao contrário do que aí está, o lugar que um Coach ocupa exige, de cada um que dele se apropria, uma postura de humildade, de acolhimento, de escuta do outro para apoiá-lo em suas dúvidas, buscas, descobertas, conquistas. Exige também que, a partir da escuta do outro, haja rapidez em se compreender que perguntas fazer que facilitem, ao outro, a abertura de novos caminhos de crescimento.

Nesse sentido, Gallwey lembra que dúvida e medo podem paralisar qualquer um de nós. Assim é também função do Coach ajudar o Coachee a ter foco em suas buscas, deixando dúvidas e medos de lado. O criador do Inner game lembra o que faz sempre a pessoa, dentro de si, diminuir suas próprias capacidades e aumentar as dos outros, passando a buscar soluções de suas dúvidas fora de si. Ele reforça a importância das potencialidades de cada um: “Temos dentro de nós os recursos para encontrar as respostas às questões não respondidas que procuramos fora de nós como soluções”.

Gallwey chama a nossa atenção para as perguntas que se colocam a todo ser humano: quem sou eu? O que estou fazendo aqui? Qual é o meu objetivo? Questões que estão sempre a pedir a cada um de nós um bom trabalho de autoconhecimento para sermos líderes de nós mesmos. E acrescenta: “Se o meu estado de espírito é mais importante, eu  tenho mais acesso ao prazer, à paz de espírito, ao aprendizado, não importam quais sejam as condições externas.”

Ele faz questão de lembrar que temos todos a tendência de achar que um especialista tem as respostas que buscamos. Mas, ao contrário, o importante é olharmos dentro de nós, onde estão verdadeiramente as respostas ao que procuramos. “Somos os verdadeiros líderes de nós mesmos”, diz ele.

Diante dessas afirmações, compreende-se claramente que o Coaching não é uma ferramenta, um instrumento e, sim, uma experiência de aprendizagem e crescimento.

Gallwey é, de certa forma, um filósofo buscando sempre a essência do Ser Humano e formas de ajudá-lo a se desenvolver em busca da realização de seus talentos e capacidades próprios.

Chega a ser assustador que tal proposta de trabalho seja desvirtuada a ponto de colocar o ter mais importante que o ser.

Se olharmos à nossa volta hoje vemos claramente a ditadura do Ter, do Comprar, do
Aparentar. Basta compararmos a vida das crianças de hoje com a de crianças de 30/40 anos atrás, quando tudo era muito mais simples e o lúdico e a criatividade preenchiam todos os espaços.

Aí a gente percebe como o capitalismo selvagem, no qual nos afundamos cada vez mais, consegue tirar a graça da vida, o prazer das conquistas pessoais, da colaboração em grupo, a certeza da importância do humano nas relações sociais e de trabalho, criando os mais diferentes obstáculos à vida mais simples, intensa e prazerosa.

Ainda bem que o verdadeiro Coaching veio para ajudar, a cada um de nós, a fazer novas descobertas de nós mesmos e liberar a força genuína que cada pessoa tem, para realizar com singularidade sua construção pessoal neste Planeta.

Minha nota de pé de página – nosso amigo Gallwey faz, na entrevista ao Dasein, uma comparação entre “desenvolvimento do potencial natural de cada um” com o “crescimento da criança”, julgando ele que ela aprende a andar antes de aprender a falar. O que ele não sabe é que isto varia de criança para criança; existe sim uma ordem: nunca a criança anda e fala ao mesmo tempo, mas ou ela anda primeiro e fala depois ou fala primeiro e anda depois. Essa peculiaridade do processo de crescimento de cada pessoa nos aponta para o ser único que somos, cada um com suas qualidades e defeitos, forças e fraquezas, positividade e negatividade, coragem e medo, diferenças e igualdade, equilíbrio e desequilíbrio, tudo isto, e muito mais, misturado em proporções específicas em cada um de nós. E nisto consiste a beleza do Ser Humano e o mundo de possibilidades que se abre à nossa frente quando tomamos coragem e nos entregamos ao autoconhecimento e à reconquista da nossa vida em toda a sua dimensão.

(Publicado pelo site www.menteemharmonia.com)
15 de outubro de 2017

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